quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Aterragem




Eu quero falar-te sobre as coisas mais simples que me aconteceram, 
entretanto: deixei cair o outono, um pedaço de outono, na primavera, 
no regaço da primavera, e não sei se é justo que, agora, venham separá-los, 
neste tempo em que se começam a entender, embora tudo tenha a simples 
e extravagante aparência de estar infinita e repetidamente baralhado. 

Uma senhora quer comer-me as flores e, por outro lado, estou dentro 
desta ideia do tempo dentro do tempo, onde sopra um vento dentro 
do vento, e que se move, agora, à mesma velocidade do tempo 
que ocupa. Por isso, com certeza, não será conveniente que eu apareça 
com um tempo, que, embora tendo-o criado, já não me pertence. 


 [sobrevoo]



4 comentários:

  1. Muito bem. Adorei o poema.

    Beijinhos
    Boa noite

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  2. Gosto destes teus rodopios densos, cheios de conteúdo. :)
    Um poema magnífico.
    Bjks

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  3. Gostei.
    um beijinho e bom fim-de-semana

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  4. E pela forma como o Outono, nos preenche o cenário de cores... há quem o considere uma outra Primavera... por isso... talvez estejam interligados...
    Adorando ler este teu tempo... tão teu... nas tuas palavras...
    Beijinhos
    Ana

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