quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Estou a


ver a comoção do rosto, do olhar, onde se perde a conclusão 
da frase; ouvir os sons das palavras, já só vagas interjeições;
sentir o mesmo corpo, flutuante, numa espécie de vontade 
própria e sem outra, vontade, para além daquela que ócio 
produz para sua satisfação e deleite; no movimento que 
se repete para além do acto, já liberto da definição, da acção, 
das convenções, do corpo, como uma memória, um ideal 
de energia, aparentemente infinita, onde a finitude, 
ou o seu inverso, deixaram de importar: a própria paz: 
se me quiseres sentir, percorre o silêncio que nos 
medeia. Um longo, imprevisível e caprichoso oceano 
que se agiganta à medida dos medos de quem o cruza. 


 [massivo]



1 comentário:

  1. Uma despedida, de quem não se quer despedir... e ficar apenas com uma memória... pelo menos, assim interpreto este teu vibrante poema...
    Já não passava por aqui, há algum tempo... as últimas semanas foram bastante atribuladas por acontecimentos vários... mas finalmente aos poucos, com tudo voltando a entrar nos eixos, já tenho mais algum tempo, para a Net...
    Conto vir por aqui, amanhã com tempo, apreciar alguns dos teus últimos posts que não tenho tido oportunidade de comentar.
    Beijinhos
    Ana

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