sexta-feira, 30 de setembro de 2016

epílogo: elipse


aveiro | portugal


começaram por ser janelas e imaginação, 
por onde entravam a luz e o ar. um ponto 
de partida e de chegada de cores, de odores 
e de viagens, que se poderiam confundir 
com a realidade. fragmentos de um tempo 
magnífico que seguia a constância dos relógios, 
mesmo quando esta era posta em causa 
por mecanismos imperfeitos, avariados, 
ou, simplesmente, cansados. através delas, 
aprendi a deformar o tempo e o espaço, 
para abreviar o fuso horário, encurtar 
as distâncias e dar corpo à matéria: 
a invenção das elipses, em sistemas 
que gravitam em mim e se expandem 
como que em múltiplos abraços de inclusão. 
algumas das elipses, desse e deste tempo, 
correspondem a imagens glamorosas 
de uma certa perspectiva do perfil 
de espirais sobrepostas, ou representam 
figuras de estilo, embutidas no poema 
como se fossem pedras preciosas, ou, 
também, atalhos circunstanciais.
continuam a ser janelas e imaginação. 
uma certa ideia de janela. 


 [elipse]



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