sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

licença




estou a encontrar-me à medida que me perco, 
não sei se não será o tempo a consumir-me a sanidade. 

no início havia um tempo que parecia infinito, 
agora há tempo que parece finito e volúvel. 
a relatividade aparenta-se a uma besta voraz 
onde as próprias circunstâncias perdem a convicção. 

não tenho qualquer controlo sobre o lugar esquivo 
da leitura e o que menos importa é o que devo 
ou não devo escrever sobre a extensão do tempo. 

não estou a revoltar-me no meu próprio delírio. 
creio que é a consequência do encontro sagaz 
da poesia, da filosofia, com a consciência da finitude 
e da contingência, promovido pelo distanciamento. 
ou é a vida, que continua, sem pedir licença à vida. 


 [palavras relacionadas]


2 comentários:

  1. Pra toda porta é preciso o esforço de abrir. Poemas pra lá de belos Henrique. Enriquecem a cada verso. Um abraço!

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  2. A voragem do tempo e da vida... muitíssimo bem apreendidas nas tuas palavras... e como nos apeteceria que parassem um pouco... ou se conseguíssemos agarra-los... numa porta como essa...
    Mais um post fantástico!... Sempre numa harmoniosa combinação de imagens e palavras...
    Bjs
    Ana

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