quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

de maneira que talvez para ser eu e igual



quis ver nascer o dia e as palavras que com ele nasciam
todos os dias nascem diferentes as mesmas palavras
no momento fugaz em que todas as águas param e se silenciam
no instante fugidio e incerto em que dormem
mas no burburinho do meu marulhar não o percebi
e já é dia fora há algum tempo
e já são novas estas palavras que tem quase o mesmo gosto
embora à nascença mais frias do que em agosto
falam de um poeta que pereceu várias vezes e continua
sempre tão lenta e distintamente e em pesar sorri
encontrei a razão despida que havia perdido de forma crua
a minha não a tua
cada um de nós é um dia depois do outro
com as mesmas palavras que podemos conjugar de forma diferente
de igual forma que com os mesmos silêncios
em possíveis entendimentos diversos e dispersos e distantes ou iguais
para que cada um possa ser quem é e talvez sem se encontrar


    

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