segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

fragmento





ao início da noite alcantilada
a realidade executa o irrealizável de um afecto
de um sentimento
de um processo sensitivo
onde não é possível inverter a marcha
sob a ria que é o meu espelho furtuito
ausenta-se o movimento
assim como os fragmentos do tempo e do espaço
percebo que os sonhos também sonham
mártires da sua própria fé
as palavras são o veículo próximo e abrupto
que unem num adeus asséptico e íngreme
a constância intrínseca do discernimento
de quem responde a um desagravo da existência
imbuído na sua própria dinâmica de natureza
improvida de etiquetas ou destinos
no vislumbre do mar em vagas de afagos
e escarcéus de esperanças
onde a existência se cruza e toca
sendo apenas passagem
alienação que aponta para vários caminhos
com a força do universo
enquanto vai e vem a maré
mas há caminho
e a noite já tomou plenamente o dia
sob a ria que é a minha companhia


         

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