sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A ria sorri


A ria sorri, sim. Convida-me e dança. Insiste!
(Talvez algo em mim esteja moribundo e resta.)
É a cumplicidade natural dos agonizantes que atesta
Os finais das partes, ou do todo. O silêncio em riste.

Mas sou um corpo estranho que não desiste.
Ou serei a resistência? Não reconheço o que se manifesta.
Tudo em mim é vontade, verdade e aresta.
A ria sorri, em vida que encerra mortes. É triste!

Não faltam os testemunhos e a assistência;
Juízos de sensatez e propósitos de conjectura.
E a ria liberta-se do odor dos dejectos da aparência.

Parece que sempre fiz parte desta desventura,
Há demasiada vida na morte que infesta a existência.
A ria sorri num esgar próprio dos finais e da minha loucura.


5 comentários:

  1. A ria sorri-te e tu sorris para a ria.
    Eu sorrio e gosto do poema (soneto). Encontro nele, também, alguma sátira.
    Um beijo.

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  2. Sorrimos (todos) para a tua lucidez.
    Bj

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    Respostas
    1. Obrigado, Vera!
      Venha daí o sorriso!
      Beijinho e sorriso daqui, também!

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  3. "Há demasiada vida na morte que infesta a existência"
    tantos de nós não passamos de mortos vivos, passando pela vida sem viver, acredito que sejam essas momento em que a ria se ri para ti, que consigas ver que há vida e felicidade para lá do que sentes no momento, eu acontece-me com o mar.
    beijinhos

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