quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Só para dizer [II]:

   
     Olá!
  
     Estou denso, opaco e consistente. O dia aparenta gozar de uma dimensão ambígua, dúbia e vontade própria, conveniente, apesar das inconveniências.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Só para dizer [I]:

  
     Documento processado! O dia foge-me, movido por uma deliberação inerente e anexa a um decreto que ninguém ponderou. O Sol determinou que se prossiga. Seja!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O SA morreu

   
     Não nutro qualquer preocupação com a possibilidade de morrer. A minha morte, pelo menos quando estou acordado, não me assusta. Já desejei morrer quando, acima de tudo, o que mais amava era a vida. Mas nunca reagi bem à notícia da morte, muito menos à daqueles que, de alguma forma, me são próximos, ou dos seus familiares. Fico pesaroso e, acima de tudo, sem palavras. O assunto, enquanto fresco, emudece-me, bloqueia-me, descoordena-me.

     Quando o R telefonou para me informar sobre a morte do SA, fiquei prisioneiro de um breve instante de imobilidade, sem reacção. A ladainha continuava, na mesma cadência hesitante, trémula, emocionada e, por bem, lenta. R contava que, aparentemente, o SA se tinha suicidado. Assimilei, sempre em silêncio, que o SA se enforcara; estava a divorciar-se; foi encontrado ao terceiro dia.
  
     No final da narrativa, sem a noção do tempo, por fim, quebrei a minha mudez e perguntei sobre a data de realização do funeral, que já decorrera. Articulei as perguntas e as expressões mais ou menos habituais sobre sentimentos, circunstâncias, reacções, afectos. Formulei as perguntas usuais entre pessoas que não se vêem e não se falam há muito tempo. Agradeci o telefonema. Concordámos sobre a carência de um encontro, acordando-o sem o acordar, realizar-se-á um dia. Cumprimentos, abraços e desligámos. Pousei o telemóvel e fiquei imóvel, em silêncio, no silêncio possível de um início de dia.
  
     Há mortes para além da morte física.

  

domingo, 28 de agosto de 2011

Autêntico



     Respeito!
  
     "I have a deram". O sonho continua válido. Curvo em dignidade todos os meus elementos.


     Eu também tenho um sonho, e fora do tempo, dentro do prazo: Concórdia para, por e com todos.
   
   

sábado, 27 de agosto de 2011

Componente

  
     As lembranças, recordações, memórias, também mentem!
   
     É capital, em todos os sentidos: deduzo os inconvenientes; gasto o aborrecimento, apenas. Retiro o componente. Perde-se a parte, num aparte que me interessa, mas não se perde o todo, enquanto, ao longe, muito distante, o “Irene” se arrasta e deixa as suas marcas. Não fico feliz por não ser aqui, por ser mais ou menos forte e deixo, por um longo momento, ocupar-me com a infelicidade alheia, por humanidade, num bom sentido. Dor! Atingiu, atinge e atingirá, até à extinção sem expectativas. Sincera e definitivamente, não partilho as suas alegrias, ainda que pudesse ser pior.
     
     Contudo, impõe-se que prossiga. Avanço!



sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Por vezes



     Por vezes é necessário partir. Por vezes é necessário regressar. Por vezes a necessidade e o necessário não procedem da vontade do próprio. Por vezes advêm uma grande alegria da necessidade e do necessário.


     Urge e há tudo a fazer, quase tudo pode ser feito. Por vezes não podemos formar, apagar, parar, continuar ou recomeçar.


     Acaricio a consciência. Renovo um ânimo. Removo um semblante carregado. Pinto um sorriso e umas palavras. Coloro. Por vezes há fantasia. Por vezes, por algumas vezes e sem erro, o somatório não corresponde ao resultado da soma de todas as parcelas. A totalidade tem caprichos e velocidades.


     Aplauso. Louvor. Análise. Crítica. Censura. Por vezes um comentário é uma censura. Por vezes um elogio é uma censura. A censura tem um trajar variado, adopta e comporta várias formas e formulações. A censura contém várias máscaras e matizes. Dureza. Grau.


     Proveniências intermédias. Existência. Vi-me no vão de escada, no patamar, no limiar da sacada. Não me encontrei. Por vezes ando por aí…
  
   

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Seixo inopinado



     Regresso. Desvio algumas pedras para passar. Abro a porta das traseiras e entro. Há, ainda, afectos genuínos espalhados pela casa. Alguns jazem no chão, quer derrubados pelas pedras que quebraram os vidros de duas janelas, quer pela simples mas eficaz acção do tempo. Não faltam os mortos.


     Depois do silêncio, da ausência, o peso descomunal do semivazio, pedra de outra canteira. O reencontro solitário de um só num ermo enternecido e descorado. Sem raízes. Debruado. Os sonhos formam, simples e naturalmente, pó.


     Limpo. Limpo! Demolho as metáforas. O pretérito, e o imperfeito, visíveis e invisíveis, ficam. Afago a alma.


     Haja calma!


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